domingo, 23 de outubro de 2011

ECOS DAS VOZES MUDAS

"Vais ler uma página da vida; cheia de sangue e de vinho..." (Macário)

Em fim, Tudo dentro da existência tem um Destino traçado, tudo tem inicio, meio e fim, para depois renovar-se e ser outra coisa, que carrega dentro de si aquilo que foi antes de ser o que é... Assim, a Roseira de hoje, trás intrisica em si mesma, todas as roseiras que lhe antecederam e da qual é originada... Do mesmo modo Caim carregava o Crânio de Abel, e através da casca do barro, o crânio antes habitado na carne pelo Ego-Mortal, agora vazio pôde ser preenchido com o Fogo da transmutação....


2010, trazia surpresas... e nesse ano chegou o momento de ruptura do velho para originar o novo, demos fim terreno ao Coventiculo que mantínhamos,  rompemos de vez com os resquício do velho, dessa forma, proclamos nossa "Indomada Liberdade" que nos permite trilhar todos os caminhos que levem as metamorfoses capazes de transmutar o barro vil em ouro potável.

Nesses último anos várias foram as mudanças que passei, realmente posso dizer que a “Ofício Bruxo” é a arte das “Metamorfoses” e o resultado final de suas ordalias são as transmutações de DESTINO....

Mas em 2011, alguma coisa estava inquieta dentro mim.. 


Parava diante da tela do PC e a vontade de escrever uma cerimônia ou texto não mais existia...

Um vazio imenso, agoniante, um essência de nada... 


Olhava os ritos da Tradição que herdei e eles não me diziam nada... e, “Nada”, fazia sentido...aliás  diziam sim, gritvam em bom e alto tom, e eu ouvia o eco das vozes mudas..


Vozes que repetiam..Chega!!! Isso não é para cá é para lá..

Lá onde?

Cá Onde?..

Vaguei dias apois dias, pela imenso deserto de solidão de minha mente... 


Mente sombria, habitada por dêmonios e bestas, que me espreitavam nas sombras..

Ali, livre, ressurreta minha sexualidade desenfreada, minha luxuria carnal, meu desejo de consumir a mim mesmo... 


Queria me absorve no vazio...

Eu já estava no vazio... (e nem percebia)


E o vazio trazia dor... demais... Bem no Centro no Peito.......


Um imenso buraco estava cavado na alma... 


Em fim Bruxaria é Isso?...eu perguntei..

Quanto desespero, eu queria me apegar ao último resto de fêlego das minhas antigas crenças e práticas... lenta e pertubadamente, elas se afastavam de um "sentido"...elas se revelaram carentes de resolução imediata de soluções e causas....
As vozes mudas gritavam e eu outra vez as ouvia... palavras sussurradas no escuro do quarto.. murmúrios e burburinhos sarcásticos... 


Uma vontade estonteante de tragar um cigarro e tomar um gole de conhaque para acalmar-me, me torturava...


Silêncio – dizia o eco...


Mudanças -  repetia eu...
Rezei desesperado para que a Deusa e o Deus  que tanto cria, que tanto festejei, me respondessem...


Mas qual Deusa? 


Qual Deus?

A minha "Iconostasys" os havia matado, seus idolos foram quebrados, pois nada mais eram que partes de religiões mortas, criada por homens mortais..

Dura realidade essa.. dura, nua e crua, em pele e pêlos, sem nem se dá o cuidado de colocar um Baby doll...!!!!!
Ordália sutil de Destino surgida no o último folego de uma égregora que teima em não desvanece-se no éter.....


Até minha esperança foi tirada (onde estão meu redentor e meu tentador?.... e assim transpassado fui até o limite de “nada mais haver deles”... 


Sim, a Grande Mãe e o Grande Pai Pagãos da Europa, tornou-se em mim pura essência de “Nada”...
E..
Nada contém algo..mas o que? ..


....Não há certeza...
Minha única certeza é silêncio...e recuo cada vez mais para dentro e para fundo na Terra que me gerou..

E as vozes mudas falavam mais e mais noite a dentro... 

O relogio insistia em badalar suas frias e mortas horas da madrugada dentro do quarto..


Insônia.... ou Seria Sonho..?

Então a terra gritou, não como as vozes da letras do textos dos ritos que herdei.. Não.. A terra gritou, um grito sensual e sedutor, e ela me estendeu a cuia... E eu tomei aquele “Vinho de Fogo”, e, instantânemente, foi como, se tivesse, beijado o sapo, lambido a rã, pois, saltei daqui para “aqui e agora”, decepcionado não estava na Celtibéria ou no Semmerlad, muito menos no Valhalla, cheguei as cidades sagradas, e, depois fui lançado no meio da caatinga, aos pés da juremeira, numa roda de Mestres, Velhos Caboclos de penas,  Vaqueiros e Pretos Velhos, e ali estava meu Mestre, meu conselheiro e meu professor de ciência e ele que me fez ver o “Sonho” de uma outra perspectiva ao dizer-me “os Corvo” nunca perdem a rota....
Apenas voltaram para a Casa...